De repente, a gente teve que rever tudo. Nenhum plano sobreviveu a essa pandemia. O de viajantes, como eu, então… Meus grupos de face, insta e whatsapp eram só lamentação. Todos tivemos que desmarcar aquela tão sonhada trilha, o tão esperando descanso na praia ou o roteiro cultural por alguma metrópole.
Eu, que tinha três viagens marcadas e a possibilidade de tirar um sabático para me aventurar em algum canto do Brasil e do Mundo, me vi sem poder sair do sofá. E foi lá que comecei a rever fotos de viagem. Assim, achei uma em que apareço comendo uma baguete na França.
Panívora que sou, salivei. Eita saudade de comer um daqueles pães de fermentação natural que levam uma eternidade para ficar pronto. Daí pensei… eu tenho uma eternidade agora! E seu eu fosse para cozinha reproduzir aquele sabor?
O primeiro destino: Paris
Fazer levain, o fermento natural, é uma experiência sem igual. Perceber que as coisas têm o tempo delas e lidar com a ansiedade foi de grande valia. Foram sete dias naquela missão, todas ao som de música francesa, como as tradicionais da Edith Piaf e outras mais moderninhas.
Depois de sete dias, fiz o primeiro pão. Uma tragédia. Mas o segundo… eu suspirava! Foi colocar o filme Amelie Poulain, abrir uma garrafa de vinho e pronto! Um pedacinho da França estava aqui em casa.
E não é que dava para viajar sem sair do sofá? Meu noivo e eu começamos então a esquematizar roteiros mais complexos. Com direito a montar playlist, fazer comida, escolher filme, visitar museu on-line, realizar visitas interativas em sites oficiais, decorar a casa, buscar jogos em realidade virtual.
Um mundo na nossa casa
Com o tempo ficamos especialistas nisso. Índia, Líbano, México…. Também viajamos pelo nosso próprio país, claro. Aprendemos e experimentamos mais da cultura de diferentes regiões do Brasil.
Assim, descobrimos que é possível ter um gostinho da viagem dentro de casa. Relembramos lugares por onde já tínhamos passado e descobrimos destinos para onde agora queremos ir. Acredito que até o fim dessa pandemia, nossa lista de destino terá mudado e crescido exponencialmente!
E sabe o melhor jeito de começar? Aqui mesmo, nas nossas redondezas. Essa pandemia vai servir para voltarmos os olhos para o que temos perto da gente. Para valorizar o turismo regional, para exploramos o “nosso quintal”. Uma belíssima forma descobrirmos mais sobre nós mesmos.