Paixão pra toda a vida

11 de outubro de 2020
11 de outubro de 2020 abrati

Paixão pra toda a vida

O jornalista e editor-chefe do portal especializado em transportes, Adamo Bazani, nem imaginava que as viagens de ônibus com a família deixassem lembranças tão preciosas da infância e uma paixão irresistível pelos ônibus, que ele aprecia até hoje. Sim! De tanta admiração, o menino virou um amante e especialista do tema que hoje ocupa boa parte do seu tempo, dedicado ao portal Diário do Transporte.

No mês das crianças, o Juntos a Bordo convidou Adamo Bazani para dividir com a gente essa história de amor que nasceu na infância.

“Nada como um isolamento para darmos valor à vida, por mais difícil que ela possa ter parecido antes desta pandemia, que com fé, força, prudência vai passar.

Estas três miniaturas para mim não são apenas recordação de um dos modelos e de uma das empresas que me fizeram gostar de transportes: Caio Gabriela II – Mercedes-Benz da Viação Padroeira do Brasil, de Santo André. Mas é lembrar um pouco de como cresci, do passado, dos passeios gostosos com meus pais, que graças a Deus estão firmes comigo e com todo o cuidado para esta fase passar logo.

Além do Gabriela II, o Marcopolo San Reno da Viação Padroeira me despertou este gosto tão especial.

As idas de domingo para comer esfirra ao lado do Parque dos Meninos (chamado por muitos de “praça do japonês”, por suas características daquele País), no Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, eram momentos especiais para mim. Estar com meus pais, passeando de ônibus e admirando as várias pinturas das empresas que passavam por lá eram um prêmio. No Rudge Ramos, os que mais me marcaram a memória eram o Trans-Bus e o Triângulo.

Me lembro das idas com meus pais nas idas para a casa do meu avô, aos domingos também. No centro de Santo André, esperávamos o Viação Alpina, no qual seguíamos viagem. As pinturas que mais me marcavam nesta época eram do “Príncipe de Gales”, do “São José”, do “São Camilo” e do “Humaitá”, além claro, da própria Alpina e da Padroeira.

E as idas ao Terminal Tietê então…eram aguardadas o ano todo por mim, ou para viajar para destinos como Serra Negra, Itu e Pirajuí (SP) e uma vez para Albertina (MG) ou mesmo para passear. Nesta época, o Padroeira nos deixava no centro de Santo André, de onde pegávamos os “Nielson -Diplomata 310” da Expresso Brasileiro, normalmente na Perimetral.

Dos rodoviários, sempre vêm à mente os Marcopolo III (provavelmente Scania com roda raiada da Reunidas Paulista para Pirajuí), para Serra Negra, já anos depois, a primeira geração do Jum Buss 340 da Busscar também marcou. Aliás, havia um escrito “Executivo” que tinha espaço para rodomoça. Para Itu, não saem da memória um imponente Diplomata (ou 350 ou 380) e o monobloco O-364. Para Albertina, o ônibus era um Marcopolo Viaggio Geração 4, da Viação Santa Cruz, mas ficou mesmo na memória, com foto guardada até hoje, um Marcopolo II da prefeitura.

As viagens para o Litoral também marcaram. Sob um viaduto perto da prefeitura de Santo André saíam os ônibus. Apesar do “Samavisa” também partir de lá, íamos mais de Expresso Brasileiro. Aí vem à memória os monoblocos O-364, O-370 e O-371. O O-364 era o mais antigo e menor, mas estavam tão bonitos, tão bem conservados, que eu preferia. Claro, não escapa à memória o Marcopolo Viaggio 1000 (Geração 4), que sob a janela do motorista vinha com a inscrição “Golfinho” , o que me fez acreditar por muitos anos que era o nome do modelo…Eu só tinha uns dez anos na época.

É, para quem sente o transporte, ônibus não é só um veículo. É um pouco da história de cada um, de nossas famílias, nossa cidade e nosso estudo.

Da janela da EEPSG – Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Dr. Luiz Lobo Neto, no bairro Paraíso, em Santo André, via os Padroeiras passando e isso também ficou na memória.

Na Rua Guilherme Marconi, na Vila Assunção, esperava o Padroeira com minha mãe para voltar para casa de uns passeios durante a semana, enquanto meu pai trabalhava. Aliás, um dia que me marcou foi quando ao esperar o Padroeira com minha mãe, vi meu pai voltando do trabalho da TRW de Mauá em um monobloco O-364 da Turismo Bozzato, empresa de fretamento que servia a metalúrgica, passando bem na Guilherme Marconi. A Bozzato naquela época servia a TRW com monobloco O-364 e com o Nielson Diplomata 310. Depois vieram os monoblocos O-370 e O-371.

Sexta-feira santa era dia de fé e de ônibus também. Nas procissões, adorava ir com meu pai para ver os ônibus esperando a multidão passar. Me marcou a imagem do “Estela” com pintura nova parado…era uma linha da Padroeira, a 63, que ia até o Jardim Estela e na época, final dos anos da década de 1980, a empresa estava trocando de pintura, passando dessa aí de faixinhas com a imagem da santa no meio para uma estilizada, desenvolvida pelo designer Douglas Piccolo.

Ah…são tantas memórias …

Todos devem ter as suas. E para que elas não fiquem só no passado, mas que os seus atores fiquem por muitos e muitos anos conosco ainda, vamos ficar em casa se possível, vamos ter prudência, fé e equilíbrio.

Aproveito para deixar o agradecimento ao miniaturista artesão Nelson Modesto que, com seu trabalho, ajudou a ter mais uma parte desta memória perto de mim.

Adamo Bazani”

#viajedeonibus

O Juntos a Bordo é um projeto da Abrati – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros