Em 2010, a Natália fez seu primeiro mochilão. Pelo relato abaixo, foi uma experiência maravilhosa e ela pôde aprender muita coisa sobre viagens!
Uma das dificuldades na época era saber qual empresa de ônibus fazia tal trajeto. A compra antecipada da passagem… nem pensar.
Felizmente, hoje está muito mais fácil programar uma viagem com vários itinerários. Os sites de venda de passagem e os sites das empresas dão uma grande força e, o melhor de tudo, é que você pode comprar as passagens no cartão e deixar o dinheiro para os imprevistos no caminho.
Vamos embarcar com a Natália do site 360meridianos e aprender com ela?
“A primeira vez que eu coloquei a mochila nas costas e saí para explorar esse mundão sem porteira foi nos primeiros dias de 2010. Eu tinha acabado de fazer 22 anos e nunca tinha viajado muito. Conhecia algumas praias aqui, algumas cachoeiras lá, a maior parte delas em viagens com amigos onde o destino importa muito menos que a farra.
Na época, minha única fonte de renda era uma bolsa que eu recebia por um estágio que eu detestava. Acrescento a informação de que eu era estudante de jornalismo e você logo vai deduzir que o valor da bolsa era ridículo, mas eu juntei dinheiro o semestre inteiro porque queria conhecer a América do Sul. Pesquisei o itinerário, fiz todos os cálculos dos gastos, descobri transportes, albergues e lugares onde eu gostaria de ir nos quatro países por onde eu iria passar. Até planilha no Google Docs eu tinha.
Mas, no meio da empolgação, descobri que a viagem que eu planejava não cabia no meu salário de estagiária. Meio que de última hora, eu me contentei em passar o Ano-Novo com amigos em uma casa de praia em Guarapari (ES) e depois subir pelo litoral até Salvador, onde minha mãe morava na época.
Foi um mochilão modesto. Passamos por Guarapari, Conceição da Barra, Itaúnas, Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, Trancoso, Itacaré e Salvador. A maior parte do tempo ficamos na primeira e na última cidade. Mesmo assim, descobri que o Brasil tem paisagens maravilhosas e fiquei frustrada porque minha câmara não conseguia captar toda a beleza de alguns lugares.
Nosso nível de planejamento era tão nulo que a gente sequer sabia se realmente havia linhas de ônibus que ligavam o lugar onde estávamos ao que pretendíamos ir. Tinhamos um budget, mas não tinhamos hotel. Isso rendeu a descoberta da melhor pousada da minha vida, em Arraial, e duas noites dormindo sobre nada além da lona da barraca e um cobertor,em Trancoso. Arriscadodemais para uma alta temporada, muitos diriam. Mas, no final, tudo saiu conforme o (não) planejado.
Essa foi a primeira vez que eu senti como é o ritmo de dormir e acordar cada dia em um lugar diferente. Também foi quando eu entendi que viajar não precisa ser tão caro e quando eu tomei o primeiro choque cultural da minha vida, mesmo que dentro do meu próprio país. Porque, sim, culturas mudam ao cruzar a tênue divisa que separa um estado do outro.
Dizer que a viagem rendeu memórias incríveis, belas fotos e um ótimo bronzeado é desnecessário. Mais do que isso, essa aventura me tornou uma pessoa um pouquinho diferente da que eu era. Passei a enxergar o Brasil de outra forma e descobri que 45 dias de pura praia podem enjoar até a mais ávida das mineiras. Mas o importante é que eu nunca mais consegui evitar de colocar os pés no mundo outra vez. Essa foi a viagem que fez com que eu me tornasse uma viajante incurável.”
Fonte: http://www.360meridianos.com/ – Leia mais em: http://goo.gl/tC7avV